sexta-feira, 11 de maio de 2012

Lourenço António de Araújo

Lourenço António de Araújo, 2º Subinspetor Geral dos Correios e Postas do Reino, nasceu em Lisboa, a 17 de Agosto de 1768. Era filho de João Gomes de Araújo, oficial-maior da Secretaria de Estado dos Negócios de Marinha e Ultramar, e de D. Damiana Rosa. Ingressou na vida pública em 1786, como oficial na mesma Secretaria onde o seu pai trabalhava, tendo ascendido a oficial-maior em 1817. Foi também secretário da Real Junta do Tabaco e Comendador da Ordem de Cristo. Foi encarregado de um Particular Real Serviço, gabinete secreto de abertura de correspondências, até 1820, ano em que o governo saído da revolução acabou com esta espécie de censura. O gabinete secreto voltou a funcionar em 1823 com o regresso ao cargo de Lourenço de Araújo Pela portaria de 5 de Setembro de 1810 foi nomeado subinspetor geral dos Correios e Postas do Reino, situação que manteve até ao fim da vida, exceto entre Outubro de 1820 a Junho de 1823, altura em que foi afastado do cargo por não merecer a confiança política dos homens da revolução triunfante de 1820. Lourenço Araújo retomou o lugar a 11 de Junho de 1811, na sequência do volte-face na situação política. De acordo com o estudo «Dos Correios-Mores do Reino aos Administradores Gerais», de Godofredo Ferreira, um estudioso e investigador da História dos Correios em Portugal, «o período de administração deste subinspetor não foi de todo improfícuo para o progresso dos Correios, apesar das perturbações de então». Em 1814, o próprio inventor descreveu o seu invento de uma balança para pesar cartas, um trabalho enfadonho e demorado, numa missiva dirigida ao Secretário dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, Conde da Feira, D. Miguel Pereira Forjaz. Nesta época a taxa das cartas era calculada em função do peso e da distância e, de acordo com o inventor, com o uso desta nova balança consegue-se pesar as cartas em muito menos tempo do que era necessário pelo método ordinário, não sendo possível haver enganos na taxa da carta porque bastava olhar para a escala para utilizar a indicada pelo ponteiro. Assinale-se que nesta época ainda não se utilizava em Portugal o Sistema de Pesos e Medidas decimal, o que tornava o cálculo das taxas mais demorado. Este invento revela bem o espirito pragmático de Lourenço Araújo. O então Museu dos CTT/TLP, atual Museu da Fundação Portuguesa das Comunicações, tem no seu acervo 3 balanças destas, todas fabricadas em Lisboa por membros da família Haas – em 1814 e em 1816, por J.B. Haas e, em 1852, por J.F. Haas. As duas primeiras destinavam-se às cartas do paquete de Inglaterra bem como às do Continente. A última foi feita para as cartas dos paquetes do Mediterrâneo e Brasil. Em 1889, no seu Relatório Postal, Guilhermino de Barros, diretor-geral dos Correios, Telégrafos e Faróis, refere que tinha mandado como presente à Administração Postal alemã uma cópia da balança inventada, no começo do século XIX, por Lourenço A. de Araújo. Informa ainda que o original se encontra no Museu da Direcção-Geral, museu criado por este célebre diretor, em 1878, e cujos primeiros 30 objetos incluíram estas balanças. Em 1974 foi feita outra cópia da balança construída em 1814, nas Oficinas-Gerais dos CTT e oferecida ao Museu Postal de Paris, aquando da inauguração do novo edifício. De acordo com Andrade e Sousa, na sua História Postal «Temas de Pré-Filatelia Portuguesa», publicada em 1975, «o grande interesse das balanças está em que qualquer carta colocada no prato da balança origina a deslocação dum cursor que, imobilizando-se num ponto da tabela, dá imediata leitura da taxa a pagar. Quer dizer, e é nisto que consiste o invento, a balança não pesa, indica taxas». Património Museológico das Comunicações Lisboa, 2012

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