sexta-feira, 11 de maio de 2012

Mozart - Requiem

A BALANÇA REVOLUCIONÁRIA

INVENTO. A BALANÇA REVOLUCIONÁRIA

O INVENTOR DA BALANÇA

CRIADORES PORTUGUESES DESDE A BALANÇA QUE MUDOU A HISTÓRIA LOURENÇO ANTÓNIO DE ARAÚJO DEIXOU O SEU NOME GRAVADO NA HISTÓRIA DOS CORREIOS. SUBINSPECTOR-GERAL DOS CORREIOS E POSTAS DO REINO. ENTRE 1810 E 1827, ESTE PORTUGUÊS INVENTOU, HÁ 202 ANOS, UMA BALANÇA QUE EXECUTAVA UM CONJUNTO DE OPERAÇÕES BASTANTE INOVADORAS PARA A ÉPOCA. DESTINADA ESSENCIALMENTE À CORRESPONDÊNCIA QUE VINHA DO BRASIL, A BALANÇA DE LOURENÇO ARAÚJO TINHA A PARTICULARIDADE DE POSSIBILITAR UMA LEITURA IMEDIATA DAS IMPORTÂNCIAS QUE OS CLIENTES TINHAM DE PAGAR, EVITANDO ASSIM CÁLCULOS MOROSOS PARA A OBTENÇÃO DAS TAXAS POSTAIS. O ASPECTO PRÁTICO DO SISTEMA, PURAMENTE MECÂNICO, FOI DE TAL FORMA INOVADOR, QUE SÓ HÁ CERCA DE 15 ANOS ENCONTRARIA PARALELO COM A INTRODUÇÃO DAS BALANÇAS ELECTRÓNICAS NOS SERVIÇOS POSTAIS. LOURENÇO DE ARAÚJO NASCEU EM LISBOA, EM AGOSTO DE 1768, E INGRESSOU NA VIDA PÚBLICA 18 ANOS MAIS TARDE COMO OFICIAL DA SECRETARIA DE ESTADO DOS NEGÓCIOS DA MARINHA E ULTRAMAR ONDE, EM 1817, ACABARIA POR ASCENDER A OFICIAL MAIOR. NOMEADO SUBINSPECTOR-GERAL DOS CORREIOS E POSTAS DO REINO, PELA PORTARIA DE 5 DE SETEMBRO DE 1810, ESTE HOMEM FOI TAMBÉM ENCARREGADO DE UM GABINETE SECRETO DE ABERTURA DE DAS CORRESPONDÊNCIAS. FUNCIONANDO NO EDIFÍCIO DO CORREIO-GERAL, EM LISBOA, TRABALHAVAM NESSE GABINETE EMPREGADOS HÁBEIS E TECNICAMENTE APETRECHADOS, QUE TINHAM COMO PRINCIPAL OBJECTIVO ABRIR A CORRESPONDÊNCIA DOS OPOSITORES SEM CRIAR NENHUMA SUSPEITA. DEDICANDO QUASE TODA A SUA VIDA AOS CORREIOS, ESTE HOMEM, QUE VIRIA A FALECER EM JULHO DE 1827, FOI O RESPONSÁVEL PELA PUBLICAÇÃO, DE ENTRE OUTRAS DISPOSIÇÕES REGULAMENTARES, DO «PLANO PARA O ESTABELECIMENTO DA MALA-POSTA». LOURENÇO ARAÚJO FOI, PORVENTURA , O PRIMEIRO INVENTOR PORTUGUÊS NA ÁREA DOS CORREIOS E TELECOMUNICAÇÕES, AO QUAL SE SEGUIRAM OUTROS, COMO É O CASO DE CRISTIANO AUGUSTO BRANDÃO, 1º OFICIAL DOS TELÉGRAFOS, QUE DEIXOU O SEU NOME LIGADO À TELEGRAFIA E AO TELEFONE. FUNCIONÁRIO DOS CTT. FRANCISCO MENDES E CASSIANO DE OLIVEIRA FOI OUTRO DOS PORTUGUESES QUE SE TORNARAM CONHECIDOS, GRAÇAS AO SEU REGULADOR D.M.O., UM APARELHO DESTINADO A REGULAR AS VÁRIAS VOLTAGENS DA REDE ELÉCTRICA.

Lourenço António de Araújo

Lourenço António de Araújo, 2º Subinspetor Geral dos Correios e Postas do Reino, nasceu em Lisboa, a 17 de Agosto de 1768. Era filho de João Gomes de Araújo, oficial-maior da Secretaria de Estado dos Negócios de Marinha e Ultramar, e de D. Damiana Rosa. Ingressou na vida pública em 1786, como oficial na mesma Secretaria onde o seu pai trabalhava, tendo ascendido a oficial-maior em 1817. Foi também secretário da Real Junta do Tabaco e Comendador da Ordem de Cristo. Foi encarregado de um Particular Real Serviço, gabinete secreto de abertura de correspondências, até 1820, ano em que o governo saído da revolução acabou com esta espécie de censura. O gabinete secreto voltou a funcionar em 1823 com o regresso ao cargo de Lourenço de Araújo Pela portaria de 5 de Setembro de 1810 foi nomeado subinspetor geral dos Correios e Postas do Reino, situação que manteve até ao fim da vida, exceto entre Outubro de 1820 a Junho de 1823, altura em que foi afastado do cargo por não merecer a confiança política dos homens da revolução triunfante de 1820. Lourenço Araújo retomou o lugar a 11 de Junho de 1811, na sequência do volte-face na situação política. De acordo com o estudo «Dos Correios-Mores do Reino aos Administradores Gerais», de Godofredo Ferreira, um estudioso e investigador da História dos Correios em Portugal, «o período de administração deste subinspetor não foi de todo improfícuo para o progresso dos Correios, apesar das perturbações de então». Em 1814, o próprio inventor descreveu o seu invento de uma balança para pesar cartas, um trabalho enfadonho e demorado, numa missiva dirigida ao Secretário dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, Conde da Feira, D. Miguel Pereira Forjaz. Nesta época a taxa das cartas era calculada em função do peso e da distância e, de acordo com o inventor, com o uso desta nova balança consegue-se pesar as cartas em muito menos tempo do que era necessário pelo método ordinário, não sendo possível haver enganos na taxa da carta porque bastava olhar para a escala para utilizar a indicada pelo ponteiro. Assinale-se que nesta época ainda não se utilizava em Portugal o Sistema de Pesos e Medidas decimal, o que tornava o cálculo das taxas mais demorado. Este invento revela bem o espirito pragmático de Lourenço Araújo. O então Museu dos CTT/TLP, atual Museu da Fundação Portuguesa das Comunicações, tem no seu acervo 3 balanças destas, todas fabricadas em Lisboa por membros da família Haas – em 1814 e em 1816, por J.B. Haas e, em 1852, por J.F. Haas. As duas primeiras destinavam-se às cartas do paquete de Inglaterra bem como às do Continente. A última foi feita para as cartas dos paquetes do Mediterrâneo e Brasil. Em 1889, no seu Relatório Postal, Guilhermino de Barros, diretor-geral dos Correios, Telégrafos e Faróis, refere que tinha mandado como presente à Administração Postal alemã uma cópia da balança inventada, no começo do século XIX, por Lourenço A. de Araújo. Informa ainda que o original se encontra no Museu da Direcção-Geral, museu criado por este célebre diretor, em 1878, e cujos primeiros 30 objetos incluíram estas balanças. Em 1974 foi feita outra cópia da balança construída em 1814, nas Oficinas-Gerais dos CTT e oferecida ao Museu Postal de Paris, aquando da inauguração do novo edifício. De acordo com Andrade e Sousa, na sua História Postal «Temas de Pré-Filatelia Portuguesa», publicada em 1975, «o grande interesse das balanças está em que qualquer carta colocada no prato da balança origina a deslocação dum cursor que, imobilizando-se num ponto da tabela, dá imediata leitura da taxa a pagar. Quer dizer, e é nisto que consiste o invento, a balança não pesa, indica taxas». Património Museológico das Comunicações Lisboa, 2012